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(Introdução página 1)

Este interessante diário descrito em 1908 e 1913, narra, com detalhes, as duas últimas viagens que vovô John Sanford empreendeu à sua terra natal, Nova York.

Na primeira ele trata de negócios com a presença de seus irmão Carlos, Susy e Lili, cunhada esposa de Carlos e cunhado Le Baron, seu grande amigo, esposo de Lili (Lavinia).

Na segunda ele se faz acompanhar dos filhos Amélia e Paulo, cujo objetivo era educa-los na América. A presença de tia Lili, Le Baron, Carlos e Debbie, foi uma constante nesta temporada.

(Introdução página 2)

Ele narra com emoção a despedida deles e do copioso choro que envolveu Carlos e Lili. Foi a última vez que se viram. As crianças, Amélia e Paulo, muitos anos mais tarde, tiveram contato pessoal com tia Lili.

(Diário pág 83)

Diário da primeira viagem (retorno) do papai a Nova York, em 1908(Paulo Sanford). E da viagem, a paritr de 13 de Maio de 1913, em companhia dos filhos Amélia e Paulo(Helvécio Sanford).

(Diário pág 84)

A bordo vapor Rio, em viagem para Pará.

Domingo, 13 de Junho de 1908.

Deixei o Monte na 4ª Feira, 10 de Junho, sahiu do Sobral no dia 11 chegando no Camocim no mesmo dia, passei a noite em casa do João Parente e embarquei no dia 12 de Junho, Sexta-Feira, as 2 horas da tarde.

Até hoje temos feito boa viagem.

Duvida uma cartão do Senr João Nicolau ao comandante do vapor, foi muito bem arrumado, e pelo Senr Domingos Bessa muito obsequiado.

No dia 15 de Junho (2ª Feira)

Passamos no mosqueiro as 4 horas d’ manhã,  e o povoação do Pinheiro às 6 horas d’ manhã está na villa pequena de uns 2 mil habitantes, tem diversas chácaras bonitas e de gosto e está no meio de uma vegetação mundos; tem a Estação e trapiches,

(Diário pág 85)

da Estrada de ferro a povoação fica distante do Pará mais 2 léguas.

Entramos no Pará às 9 d’ manhã do dia 15 de Junho, fui logo para o hotel do Commercio (comida e dormida da 8.000 por dia).

Passageiros de bordo D. Humberto Zamber, Senr Aguiar de Arruda, Domingos Bessa e família.

Visitei logo depois do almoço o Senr Antº Albuquerque.

16 de Junho com o Senr Vicente Saboya, dispachante da alfandega, arrumar os papeis do Cel Ernesto para dispachar arame farpado sem pagar direitos.

Passei 9 dias no Para, no hotel do Commercio - gastei 83.300.

24 Junho embarquei a bordo vapor Madeirense as 3 horas da tarde comprei passagem ida e volta por 28 e mais 50. de taxa 478.000

(Diário página 86)

25 e 26 Junho passei com dor na cabesa.

28 Junho – devemos chegar em Babados hoje a tarde como de facto chegueimos as 9 horas da noite.

29 Junho sahimos dos Babados as 2 horas d’manhã e nada tivemos a bordo de novidade, o mar muito calmo e não teve encomodo nenhum.

4 de Julho chegueimos em NY. (na frente do Coney Island) as 7 horas da noite, aonde passamos a noite a vista do Coney Island tudo iluminado, de um ponto a outro, com as suas torres de fogo, e as suas grandes exhibições de fogos. Foi uma vista que não é possível escrever, me parecer que estava entrando em Fairy land ou que estava sonhando

(Diário pág 87)

com mil e uma noites.

July 5 Domingo recibemos a bordo, o médico do porto e as 7 horas levantamos ferro e chegueimos no trapiche as 8h d’manhã, tomei logo o trolley, provavelmente as 9 horas e cheguei em casa as 9 ½.

Carlos não estava em casa, perguntei então para Harry, parou então neste tempo ficando Lilly desconfiada quando o criado disse-lhe que era um estrangeiro e que achava que era o seu irmão, veio para a porta e me conheceu logo.

Passei o resto do dia em casa e a noite foi com o Senr. João Le Barão no seu automóvel até Coney Island, fazendo a viagem ida e volta em 70 minutos fim distância

(Diário pág 88)

de 14 milhas.

Segunda Feira 6 Julho

Passei o dia em casa com Lilly e a tarde fui passiar automóvel com Senr Le Barão pelos arebaldes da cidade.

7 Julho com Carlos fui passeia com Carl d’ manhã e a tarde.

4ª feira8 July  Passia com Carlos d’manhã e a tarde fui visitar o Harry

5ª feira 9 July, d’manhã fui passeia com Carlos e a tarde no automóvel com Mr Le Barão

A noite fomos todos para o Bear Garden

6ª feira d’manhã fui com o Carl visitar Susy

6ª feira 10 Julho depois do almoço fui com Senr Le Barão no auto para NY

Fiz mas compras, tomamos

(Diário pág 89)

lanche na casa Macys e fizemos um passeio pela avenida 5ª e chegueimos em casa as 3 horas da tarde.

Sábado 11 Julho

D’manhã fiz mais compras, comprando para minerva (a boa minerva) um chapéu de sol. (- 1773)

A tarde jantei com Harry.

Domingo – d’manhã em casa escrevendo e a tarde pretendo passar junto com Susy.

2ª feira, hontem a tarde, por ter visitas em casa (Will Laughtin e Chas Vicha) não fui para casa da Susy

Hoje d’manhã eu e o Carlos fomos para NY a respeito das machinas, arames farpados, da que desejo comprar, fomos passeia em diversos lugares e chegueimos em casa as 4 horas da tarde.

(Diário pág 90)

fui então com Mr. Le Barão passeia no automóvel pela cidade. raro foi o dia que não fui passeia no automóvel d’manhã, a tarde ou a noite, as vezes sahimos da casa as 11 horas da noite e voltamos as 2 horas d’manhã.

Terça Feira 14 Julho com Carlos fui para casa do advogado e de lá para casa da Susy e a noite para visitar o Will Laughtim.

4ª feira depois do almoço fui si para NY. Voltando para a casa a uma hora d’tarde, passei a tarde com Lilly e a noite fui para Coney Island com Le Barão corremos toda West Brighton e chegueimos em casa as 1 ½ horas d’manhã.

Quasi todo dia só fomos dormir as 2 horas d’manhã, muitas vezes

(Diário pág 91)

mandamos buscar Ice Cream (Sorvete) a meia noite até depois d’meia noite a rua está cheia de povo.

5ª feira 16 Julho d´manhã fiquei em casa com Lilly e a tarde fui a passeio nos grandes lagos com Carlos – a noite fui no automóvel com Senr. Le Barão para Coney Island e na volta fomos com Carlos para ver o Cincinatagh

6ª  feira 17 Julho d’manhã fui com Carlos para New York, a tarde fiquei em casa e a noite visitar Harry indo depois a passeio no automóvel no parque.

18de julho fiz mais compras nos lagos, a tarde fiquei em casa com Lilly, Bessie a mulher do Carlos jantou aqui em casa conosco e depois do jantar fomos todos (Bessie, Lilly e Mrs. Van Iassel, Carlos, Mr. Le Barão e eu) para Coney Island chegando em casa de

(Diário pág 92)

volta a meia noite.

19 Julho Domingo passeio o dia em casa e a tarde fomos a passeio no automóvel a noite fiqueimos em casa.

20 2ª feira fui com Lily para comprar mobilha para Minerva – para mim foi o dia mais alegre que passei em New York só pelo facto de estar comprando estas couzas para ella e sempre me lembrando o prazer que ella é de ter em abrindo e vendo tudo junto commigo – tivemos lunch em Macys e a tarde acabando de fazer as compras volteimos para casa chegando ahi as 6 horas da tarde e ambos bem cançados

3ª feira  21 Julho fui com Lily para comprar umas peças de prata, também para Minerva. Volteimos cedo e a noite fui visitar Will Laughlin.

(Diário pág 93)

4 feira 22 julho de manhã fui para NY a tarde comprar um livro para os meninos estudar English. A tarde fui comprar mas couzas para Minerva para seu toilette como também mas couzinhas de ouro para todos os mininos. A noite fiquei em casa com Lily e Carlos e com saudade da Minerva.

5ª feira demanhã fui comprar um biciclette para Carlos Paulo + Eduardo parou VL um automóvel que pode servir para todos os mininos e fez a compra. A tarde visitei a Susy e a noite fiquei em casa com Lily, Mr. Le Barão, Bessie e Carlos.

6ª feira 24 d’manhã estava com Harry. A tarde estava com o advogado e a noite em casa com Lily, Bessie, Carl e Le Barão.

Sábado 25 Julho tirei dinheiro do banco fui para NY pagar o arame farpado e voltando

(Diário pág. 94)

logo para casa onde passei o resto do dia com Lilly e todos, a noite também não sahiu da casa.

Domingo 26 Julho D’manhã cedo levantei e fui a passeio com Will Laughtim, no cabriolei apassei pelo parque – voltando almosei com Will e voltei para casa a uma hora d’tarde.

A tarde teve dor na cabecca e não sahiu mais.

2ª feira 27 Julho estou melhor da cabecca, D’manhã tirei o resto do dinheiro do banco e chixei um depósito de 1100,00 por causa do arame farpado. A tarde fui com Carl Lily e o mais para liquidar contas com Harry. A noite fiquei em casa.

3ª feira 28 mandei mobilha (da casa) para ser acondicionada e dispachada abordo do vapor depois fui para NY. (ando sempre pª NY.

(Diário pág 95)

Por baixo do rio – as 11 horas estive no escritório do advogado para assignar os papeis com Carlos Lily Harry Bessie Edith e depois levei os papeis da Susy para NY para ela assignar e paguei os 600,00 pelo interesse que ella tinha na casa afim da minha irmã Lilly ter tudo interesse na casa ou possuir por si só a casa 43 Clermont Ave.

Esta casa minha mai deixou somente para Lilly, porém Susy e Harry não quizeram respeitar o inventário da mamai portanto a Lilly comprou, a dinheiro, a parte do Harry e eu comprei a parte da Susy; para Lilly mais tarde me pagar como consta em recibo em meu poder.

A noite fui me despedir do Harry Edith e do seu filho Albertson, este é um minino

(Diário pág 96)

bastante bonito.

4ª feira 29 Julho d’manhã fui passear com Lilly nos lagos, a tarde fiquei em casa ea noite fomos passeia no automóvel.

5ª feira 30 Julho – o vapor deve de sahir hoje porém muito cedo d’manhã tive notícia da companhia que a sahida foi adiada para Sabbado ao meio dia (que cousa boa, mais dois dias com Lilly + Carl). D’manhãfui com Carl visitar Bessie (gosto dela e penso que é de ser uma boa mulher para o Carl. Posso dizer aqui que o Carlos é um grande minino e sem cabeça nem hum para o commercio porém umbom disparição e muito brando para governar.

Chegueimos em casa as 6 horas d’tarde e fiqueimos todos em casa.

6ª feira 31 Julho

D’manhã fui liquidar contas com Marcos, Maran Co.

(Diário pág 97)

Tomei lunch em casa com Lilly e as 2 horas d’tarde encontrei com Carlos as 2 horas d’tarde para comprar dois ternos de roupas; comprei também um chapéu e voltamos para casa para jantar as 6 horas.

A noite fui dispidir do Effect Will Laughtim.

Bessie veio para passar a noite em casa e estivemos conversando até 11 horas – depois das moças retirar fomos a passeio no Auto. e chegueimos em casa depois de uma hora.

Sabbado 1 de Agosto

Levantei cedo e arrumei os bahus – as 8 horas tivemos almoço e que mesa bonita e alegre, Lilly tinha a mesa toda enfeitada com bandeiras, a toalha estava bordada com bandeiras americanas e os guardanapos foram de papel.

(Diário pág 98)

chinesa também com bandeiras e no centro d’mesa tinha quatro bandeiras grandes amarradas com largas fitas, almoçamos juntos Mrs Van Iassel Lilly Miss Bessie John Le Barão Carlos e Eu.

A conversa foi a mais animada e felizmente todos nós muito alegre, Lilly, coitada, me beijo muitas vezes e não pude me agradecer bastante para que eu fiz um favor d’ella.

Depois do almoço fomos todos juntos para o vapor, depois de amostrado o vapor eles foram para o trapiche e lá ficaram até o vapor sahir e ficaram lá flutuando os lenções até eu não pode mais verlos. Adeus todos de lá.

O pobre Carl chorou como um minino.

O Will Laughtim me

(Diário pág 99)

deu de presente um bonito alfinete para gravata.

Abordo do vapor Boniface temos uns 5 passageiros e 3 senhoras. Uma senhora e um rapaz para Babados e duas senhoras (nurses) e 4 homens que vão para o alto Amazonas para Mamoré Rivay (E de 7 do Mamoré são todos alegre e bons companheiros.

O Boniface sahiu de NY no Sabbado 1 de Agosto ao meio dia e sem nada ter ocorrido chegueimos nos Babados no Domingo dia 9 de Agosto as 7 horas da tarde.

Passageiros para Babados Miss Edith Archer o para Pará Miss Swinevarth Miss Dayle Mr Schaffer Mr Gramp Mr Cooper Dr Mackman

(Diário pág 100)

 

Estes passageiros vai para o E7 de Mamoré -as duas senhoras vão para tomar conta do hospital – Deus queira que sejão bem succididas.

Levantamos ferro em Babados as 10 horas da noite e seguimos rumo Pará.

Chegueimos em Pará no dia 15 de Agosto porém como no pudemos já para letra, dormimos abordo e no Domingo 8 horas d’manhã fomos para terra na lancha da compania.

Fomos logo para o hotel da Paz pagando 10 XXXX por dia, este é o melhor hotel em Pará.

Como era muito longe do Commercio eu voltei para o hotel do Commercio (preço 8000 por dia) passei ir todo dia a tarde para ahi afim de estar mais tempo possível com

(Diário pág 101)

os companheiros da viagem.

18 Agosto efilismente todos embarcaram hoje no Boniface para Manaus e estou aqui só e sentindo bastante falta deles – gostei muito Mr Cooper e Miss Swinevarth.

Hontem e hoje fiz as compras que tinha para fazer aqui em Pará.

Logo que cheguei aqui no Domingo passei uma telefonema para Minerva, a boa Minerva, dizendo que embarcava para ahi (Camocim) no dia 18 porém o vapor só chegou hoje 18 e só irá no dia 20, mais dois dias fora da casa e cada dia para mim é uma semana.

Hoje também entreguei os documentos ao Senr.

(Diário pág 102)

Antº d’Albuquerque e espero que a mobilha da Minerva vai nestes 15 dias.

18 de Agosto infelismente o vapor só sai no dia 21. 6ª feira – assim deve chegar em Camocim na 3ª feira dia 25 e no dia 26 4ª feira posso chegar em Sobral e no monte aonde eu tenho tudo quanto é meu (até a alma) na mesma tarde.

19 Agosto passei telegrama Cialdini Sobral Minerva me espera no monte 26 7 horas Sanford

6ª feira 21 Agosto embarquei abordo do vapor “Rio” as 4 horas da tarde e o vapor levantou

(Diário pág 103)

ferro as 6 horas.

Paguei no hotel 36.000 por 4 dias e meia.

Sabado 22 Agosto deixeimos o piloto nas salinas as 8 horas d’manhã e estamos seguindo para Camocim.

Domingo e Segunda Feira 23 e 24 de Agosto tivemos mal tempo e o vapor jogava muito e com muita água entrando.

3ª feira 25 Agosto chegueimos em Camocim as 4 horas d’manhã e as 7 horas fui para a casa do João Parente.

4ª feira 26 Agosto cheguei em casa em Sobral e na 5ª feira 27 Agosto cheguei no monte.

(Diário pág 104)

Viagem por New York com Amelia e Paulo

Sahimos de Sobral no dia 1 de Maio 2$000, chegando em Camocim na mesma tarde fomos para o hotel da D. Urbina aonde passamos 3 dias (paguei 15$) e embarcamos no Sobral no dia 4 (passagens 185.400) e chegueimos em Pará no dia 6, fomos logo para o hotel Nova América, passamos 5 dias e paguei 110$000, com os mininos fomos o Bosque Jardim Zoologico, a Igreja Sant’Anna e mais passeios para toda parte. Fomos ao cinema Olímpia, porém como a Amelia teve logo ao entrar uma vertigem, retiramos logo e voltamos para o hotel.

Na véspera de embarcar pª N.Y. fui com Amelia e Paulo

(Diário pág 105)

1 de Maio 1913

para o Largo da Pólvora e passamos muito tempo ahi sentados e apreciando o movimento do povo, dos bondes e dos automóveis, realmente nesta praça de noite pode se ver um movimento grande e animado.

+ embarqueimos no dia 11 de Maio as 7 horas d’manhã no vapor Christopher do Booth Line; o vapor levantou ferro as 9 horas d’manhã e agora estamos de viagem para New York. O almoço e lunch foram esplendido, tinha muita couza boa e muito acceio, os mininos comeram muito e disse Amelia que se não ficar doente é de engordar, e eu digo “apoiado”.

No hotem em Pará encontrei um Englez por nome Otto Clarck (comercial

(Diário pág 106)

artist. Logo na primeira vista gostei d’elle e ainda mais porque a senhora d’elle era muito parecida com a Lily. Nas feições, no corpo muito e no modo de pintar o cabello e na roupa realmente a similhança era muito grande.

As passagens, a minha ida e volta e os mininos só a ida custaram 950$000 e foi necessário deixar um depósito de 300$000 para a entrada dos mininos, porem isso me será pago logo que chegarmos em N.Y.

Toda pessoa que não seja americana só pode entrar na América se tiver 50,00 (150$000) na sua pessoa e os mininos não sendo americanos foi necessário

(Diário pág 107)

entregar logo esta quantia.

Dos dois contos de réis com que sahi de Sobral, só me resta hoje (dia do embarque) 270$000, felismente bastante para na volta pagar as despezas em Pará e pagar passagem até Sobral.

No dia 11 – o primeiro dia de viagem os mininos passaram bem para hontem – dia 12º Paulo não sahiu do camarote e Amelia passou indisposta e comeu pouco.

Dia 13 fomos para a meza e almoçamos bem.

Como sempre, todo vapor tem um passageiro para se queixa e o nosso é representado na pessoa do Ex-Consul Englez – este se

(Diário pág 108)

 

 

(Diário pág 109)

Falla contra tudo, contra os criados, contra a comida, contra os commodos e na opinião d’elle só existe duas couzas no mundo que presta é a Englaterra e os Englezes.

15 de Maio já fazem 4 dias de viagem portanto 4 dias que conheço o tagarelo e realmente o diabo nçao pe tão preto quanto se pintam pois o velho é muito gaiato e bem divertido, talka piano, canta, conta anedotas e afinal é tão animado que fez com que eu também cantasse.

Hoje a tarde esperamos chegar em Babados.

Os mininos hontem passaram melhor e

(Diário pág 110)

Comeram bem - disse a Amelia na mesa, no meio de tanta cousa boa, há se tivesse um pedaço daquele lombo de panella como tem na casa da mãe Sinhá.

15 Maio chegueimos em Babados as 7 horas da manhã – a ilha visto de longe era muito bonita e quanto mais ir se aproximando mais bonito ficava com as placas vermelhas e a illuminação do porto e dos diversos navios todos com lanternas de luz branca, azul, verde e incarnado.

Hoje d’manhã ao dia clariar vistimos para ir para a redor do vapor até as 10 horas da noite tinha muitos negros nos seus canoas gritando como macacos.

(Diário pág 111)

doidos procurando passagens para ir para terra, distância talvez 500 metros – até tudo foi um barulho infernal, paresse que todo mundo grita tanto nas canoas como abordo do vapor.

16 maio Logo a clariar o dia vistimos para ir para terra e ao subir no passeio do vapor avistamos a ilha de dia era realmente bonito, um vapor grande, muitos navios de vela e muitas pequenas embarcações andando para cá e para lá – as 7 horas depois de tomar café sahimos numa canoa para ir para terra aonde fomos, chegando lá meia hora depois, conhecemos a cidade, as ruas principais a pé, depois demos um passeio no bonde, então tomamos um carro e fomos até o hotel

(Diário pág 112)

Marinho, o melhor hotel da ilha e distante da cidade 45 minutos de viagem, lá almoceimos muito bem e voltamos para o lugar de embarco as 11 horas.

Foi em nossa companhia um Paraense, um homem muito bom e que tem andado em toda parte do mundo. Os negros desta ilha são muito ladrões e todo negócio com elles acaba em briga.

Com o homem da canoa eu justei com elle para levar nós quatro para terra, ida e volta, por um shiking (setecentos contos de reis mais ou menos) mas na volta ele já queria que eu pagasse seis shikings e se não pagasse chamava a polícia. Mandei ele chamar a polícia que estava na escada do vapor, lá houve

(Diário pág 113)

explicações eo negro no fim levou uns empurrões pela polícia e foisse se embora.

Na terra o negro do carro queria cobrar por três horas de passeio quando era apenas 2 horas, das 9 horas até as 11 horas – logo foi outro barulho e muitos gritos de parte a parte, até um inglez da terra me aproximou e perguntou o que era – eu expliquei tudo então o inglez disse elle que era um ladrão e mandaram ele retirasse do trapiche ou então chamava a polícia e tomava a licença d’elle.

Chegando a bordo apreciavamos o movimento dos passageiros chegar e dos negros mergulhar para moedas, tinha talvez umas vinte pequenas canoas cada qual com dois negros, estes logo que passageiros

(Diário pág 114)

rebolava uma moeda dentro d’água elles todos mergulhava, uns em cima dos outros, atrás do dinheiro e nunca perderam um nickel. este movimento continuo até 12 horas quando o navio levantou ferro.

Os mininos gostaram muito do passeio e viu muita coisa em que achavam graça – no hotel Marinho cada qual de nós comemos mais e eu estou admirado no appitite da Amelia. paresse que ella nunca fica satisfeita.

Agora são cinco horas da tarde e estamos já longe dos Babados em rumo de New York.

17 de maio – avistamos de longe a ilha de Martinique e mais tarde a de Guardalupe.

(Diário pág 115)

18 e 19 de Maio para estes dois dias nada passei de novo. os mininos Amelia e Paulo com saúde, comendo bem e gostando muito da vida abordo do vapor.

A Amelia já anda com as moças inglezas e procurando muito para conversar, felismente estuda e pergunta muito como é isto e como se chama aquillo.

20 de Maio Hoje sempre tivemos uma novidade para distribuir os passageiros. As 4 horas da tarde avistamos de longe um navio de vela que ir andando com muita serenidade por causa do pouco vento – depois de uma hora, chegando perto o naviozinho fez um signal que estava sem mantimento então depois de uma troca designais botaram um bote na

(Diário pág 116)

água e vinha para nosso vapor; felismente foi bem arrumado pelo nosso commandante como também pelos marinheiros de bordo que deram o que pude cigarros, fumo, etc.

Este navio de vela estava aqui no mesmo lugar Lat. 30º Long. 90º já a 4 dias, por falta de vento, e está em viagem para Itamburgo.

21 de Maio

No hotel da Urbina paguei por dia 5.000.

Para levar um bahu da estação para o hotel e depois para bordo do Sobral 1.000

Para disembarcar em Pará com os dois mininos e dois bahus paguei 6.000.

No hotel Nova América pedem 8.000 por dia. Paguei por dia para nós três 7.ooo o hoteltem bons commodos e a comida não é mal - é

(Diário pág 117)

situado na Rua Campos Salles – no meio do commercio e na frente do Correio.

Amelia e Paulo andam bons e dispostos – Amelia passeando com as moças Inglezas (que tomaram o vapor em Babados) e o Paulo jogando com um rapaz da Colombia. Hoje tenho passado o dia com muitas saudades da Minerva e dos mininos todos – o vapor hoje, com o telegrapho sem fio, fallou com a New Park News, uma uma cidade na costa da Flórida e distante do vapor 327 milhas – um dos passageiros (Senr. José Moreira) passou um telegramma para New York pagando por palavra 22 centavos (700 reis).

Tenho me dado muito

(Diário pág 118)

com um Senr. José Moreia que vai a New York de passeio e dahi para Hamburgo, Paris, Londres e Lisboa. Este Senr. é commandante di um vapor que navega no rio Amazonas – é Paraense.

A bordo do vapor temos povo de todas as nações.

Brazileiros do Rio, do Pará e do Acre. Da Bolívia, Peru, Colombia, Venezuela, Espanha, Itália, Englez, America, Mexico, Hungria, Alemanha, França, Canada.

22 deMaio hoje nada de novo sinão que o Paulo ficou doente do mar que estava um pouco mais forte, porem assim não deixou de comer.

23 de Maio avistamos a terra as 7 horas

(Diário pág 119)

d’manhã porem por causa da neve não podemos enchergar bem. tivemos as visitas abordo as 9 horas (o medico e a alfandega) e seguimos logo para o trapiche, quasi por baixo da ponte de suspensão chegando ahi as 12.15 xxxxxxxx da tarde – ahi encontrei logo com o Guilherme e fomos para casa d’elle. Passamos o resto do dia em casa.

24 de Maio fomos para os lagos para comprar roupa para Amelia e Paulo como também para mim. Amelia comprou logo a roupa azul com chapeu azul, boas blusas etc dahi fomos correndo o lago todo, os mininos ficaram admirados de ver tanta cousa, tantas carteiras e tanto povo

(Diário pág 120)

comprando

25 de Maio – Demanhã fomos para Parque de Prospect para ver os automóveis, carros e muitos Senhores a cavallo, uma na nada aummon e muito andando como homen, era muito bonito sentando ahi na sombra eno silêncio vendo tanta cousa de luxo – voltemos para o lunch e passamos a tarde em casa.

1 Junho Doming Passamos a semana correndo a cidade, os grandes lagos, o Parque de Brani aonde vimos os animais todo e dahi fomos ver a escola que o Paulo tem para entrar falei com o Secretário e arrumei tudo para elle entrar em Setembro. custa $400,00 para 10 mezes de college – até 7 hora precisa mandar elle para um

(Diário pág 121)

college que no Sertão que custa 7,00 por semana.

3 de Junho fui ver o college da Amelia que fica perto a do Paulo no lugar chamado fordhem N.Y. é também um college cathólico, um edificio muito bonito e o lugar alto e muito sadio, tudo no interior bem arrumado e limpo – em relação o preço custa 300,00 por anno porém com os extraordinários custa 400,00 ou mais por anno.

Fomos ouvir a música em Prospect Park e ouvimos cantar de uma só vez 500 vozes cultivado The German Glee Club of New York” foi muito bonito. temos ido muitas vezes para o Parque para passear e ouvir a música.

Fomos também para Coney Island diversas vezes e as vezes Anchia  for of a Effie. Amelia felismente

(Diário pág 122)

gosta muito da Effie e ellas conversam bastante.

O João tomou para si para ensinar Amelia toda noite e elle tem feito muito progresso - durante o dia elle estuda bastante e a noite dar a lessão ao João – o Paulo pouco estudo e até hoje pouco ou nada entendeu.

4 de Junho Hoje chegou a Lily, fomos encontrar com ella as 8 horas d’manhã porém o vapor só entrou as 9 horas d’manhã, fomos logo almoçar então fomos deixar ella em casa duma amiga dela em 282 Quinay St.

felismente a casa della fica perto da nossa. O Le Barão só chega lá para o dia 15 do mez. Ella já venderam tudo que tinha em Texas e vão morar em Boston.

6 Junho hoje fomos para Coney

(Diário pág 123)

Island com a Lily e voltamos as 6 horas d’tarde. A Lily está muito satisfeita aqui com os mininos e tenho penna que ella não mora aqui para esta sempre com Amelia – ella quer muito ficar com Amelia e levar ella para Boston porem não me convem porque me paresse que ella não está bem arrumada ainda

7 de Junho Hoje fomos para a grande casa de modas Wanamaker a maior do mundo da sua genero. ouvimos tocar a o grande organ, é cousa extraordinaria e eu nunca ouvi couza tão bonito

8 Domingo Fomos hoje para o parque e a tarde fomos visitar a Lily

9 de Junho Hoje d’manhã a Effie recebeu carta do Guilherme (que está auzente desde Sabbado) dizendo

(Diário pág 124)

que tinha gasto meu dinheiro tudo e mais algum da mae della e por isso tinha fugido para não voltar mais para casa.

Nunca me vi em possição tão apertado

12 Ainda não tivemos mais notícias do Guilherme, mas hoje a irmã delle me pagou$300,00 (1.000.000) por conta della e me prometeu pagar metade ou mais se for possivel

15 Hoje teve noticia do Guilherme e vou ver ele amanhã.

16 Vi hoje o Guilherme e ainda pude receber dele $316,00 (1.000.000) prometi a não procurar elle se me arranjasse metade do dinheiro e me desse um recibo para o resto.

17 Junho Hoje recibi da Allie (irmã do Guilherme) mais 650,00 (2.000...

O João (filho do Guilherme) me emprestou 50,00 (150$000) mas depois não quis mais receber. A Effie também

(Diário pág 125)

não quis aceitar nada pelo tempo que estava com elles portanto já recebeu tudo quanto posso por enquanto. O Guilherme me deu um recibo por $1.000,00 (3.300$000) porem não sei se pagará.

O Guilherme tirou $2.156.26

Recibi delle                          316.00                          juro 127.

“ da irmã                              950.00                           mais 82.Bal

“ “ filho                                   65.                                Resta 99.

“ “ Effie  em hospedagem    100.                              2.464.26

                                              1431.20

Recibi          1431.20

                     ________

                     1.033.00

e por isso recibi um recibi por $1.000,00 foi mais felis de que pençei na primeiro dia quando soube que elle tinha fugido.

2 de Julho Tenho procurado vender as cousas porem não é couza fácil, de um dia para outro vender sem ser por preço muito barato

(Diário pág 126)

portanto foi precizo deixar em mãos de outro – este promette dar conta e também dar mais rendimento e depositar o meu rendimento no banco todos os mezes um recibo do banco em duplicato

4 de Julho Hoje fui com Amelia Paulo e Raimundo para Estatua da Liberdade fomostodos até em cima, na cabessa,com a exceptção da Amelia que não pude – quando estava ahi em cima encontramos com um Brazileiro do Rio. elle ficou muito admirado e muito satisfeito em nos encontra – conversamos muito sobre os nossos passeios e a senhora d’elle converçou muito com Amelia

5 de Julho. Os mininos ficaram em casa – eu fui para New York para fazer um saque sobra para para $700,00 (2.100$000) e na volta para casa recebeu os retratos da Amelia

(Diário pág 127)

e Paulo.

6 de Julho Domingo d’manhã Amelia foi para a igreja catholica com uma visinha, depois fomos visitar a Lily e a tarde arrumamos os bahus e tudo mais.

7 de Julho as 8 horas d’manhã fomos para o vapor “Clement” e no caminho comprei mais duas saias para Amelia e tomamos os últimos ice cream sodas.

Chegueimos abordo as 11 horas e o vapor sahiu a 1 hora da tarde – a sahida do vapor foi muito bonito pelo rio e bahu mas para mim muito triste. Amelia também ficou triste em não puder ficar ahi para estudar.

10 Julho Os mininos tem passado bem porem eu tenho tido dor de cabeça desde terça feira dia 8 – hoje a tarde estou melhor.

(Diário pág 128)

o nosso vapor o “Clement” é bom porém não tão bom como o Chritopher – o commandante é o mesmo que vem com nosco no Christopher – um homem muito bom e agradavel com nosco.

O Brazileiro que encontramos na Estatua de Liberdade é o Senr. Ernesto Jacy Monteiro.

Rua Figueira 150

Rocha – Rio de Janeiro 10 Julho a bordo do vapos temos poucos passageiros – uns dois para Pará e para Babados uns 5.

Um dos passageiros pª Babados o Senr A. E. Goodridge, Bringetown Babados tem uma filha com que Amelia tem se dado muito. Estão sempre juntas e sempre conversando. Ainda temos muito bom tempo porem o vapor anda muito devagar e assim faz a viagem ficar muito comprida.

A comida a bordo não é

(Diário pág 129)

bom como abordo do Christopher e temos comido muito menos

Hontem a noite, a 9 horas, o commandante deu ordens para Amelia ser servido com sorvete com que ella ficou muito satisfeita – por causa da Amelia as outras senhoras também ganharam sorvete.

O commandante (como todo mundo) acha Amelia muito boazinha – e realmente ella é muito boa e muito carinhosa commigo quando estou doente sempre perguntando se quero qualquer ou se ella pode fazer alguma cousa para me aliviar.

15 de Julho por estes dias nada tem passado de novo. Amanhã d’manhã muito cedo pretendemos estar em Babados.

16 de Julho chegueimos em Babados as 6 horas d’manhã.

(Diário pág 130)

 

Chegueimos em Para as 8horas da noite

(Diário pág 131)

A vista de bordo estava muito bonita e bastante apreciada pelos passageiros.

Enfelismente choveu bastante de vez em quanto mas assim mesmo fomos para terra e fomos tão felis que não levamos chuva.

Eu e os mininos fomos para terra com dois passageiros o Senr. A.E. Goodridge e a sua filha Norma, este senhor tem uma estribaria e tem o contacto da limpeza publica, fomos no cabriole para casa d’elle a onde tivemos almoço então depois fomos visitar dois engenhos grandes, um movida pelo moinho de vento e o outro moderno movida a vapor. O primeiro me interesso bastante porque quiria ver o modo d’elles cousinha a garapa; este logo que vem do engenho

(Diário pág 136)

passa para tres grandes caldeiras, cada qual com o seu fogo separado a onde a garapa é primeiro fervido e temperado com cal, neste condição pode passar de um dia para outro sem azedar, então e daqui que se tora para ascaldeiras para cousinhar e dar ponto de assucar.

Esta garapa temperado dorme nas caldeiras de cousinhar para dar ponto até o outro dia d’manhã, em lugar dagua, assim no outro dia e só tocar fogo e cousinha a garapa já quente, poupando muito tempo.

Voltando para casa do Senr. Goodridge passamos pelo Jardim Botanic a onde tinha lindas plantas tropicais e palmeiras, demoreimos algum tempo em casa então fomos para os lagos, o Senr. Goodridge pondo as nossas ordens o cabriole no lago comprei um sacco para

(Diário pág 133)

roupa suja e para Amelia duas blusas, mas tres pares de meias brancas. cartões postaise mas 3 garrafas de Bay Rum.

Dos Lagos fomos para a trapiche a onde tomeimos o bote para o vapor.

Levantamos o ferro a uma hora d’tarde e já estamos no rumo do Para.

Em Babados tomamos diversos passageiros para Para entre os quais uma senhora da Demarara (Guine higly) que é uma pandaga (é casado e tem 3 filhos)

Ella vai para Porto Velho do San Antonio para encontrar com o marido.

Ella tocar piano muito bem, canta tudo e peças bem engraçadas, le fortuna com a baralha, namora com tudo mundo, faz tudos ficar disconfiados para depois mangar d’elles e enfim estamos todos inclusive o Commandante convincidos que ella esta com o

(Diário pág 134)

cão no couro

21 de Julho. Hoje as 5 horas da tarde chegueimos nas Salinas aonde recebemos o piloto e chegueimos em Para as 8 horas da noite

22 de Julho as 9 horas d’manhã encostamos no caes e disembarcamos as 9 ½ d’manhã, fomos logo para o hotel Novo America – as duas horas da tarde fomos para o Alfandega para tirar a bagagem, felismente não deu trabalho -paguei ahi mesmo os direitos sobre a peça para o discascador de café e sobre as peças do motor do Senr Adeodato

A minha custou em N.Y. 20,00 (60.000) e paguei de direito 31$000

A do Adeodato custou em N.Y. 6,69 (22.000) e paguei de direitos 12.

Para levar 3 bahus, duas caixas, um sacco e uma cadeira para o hotel paguei 3.400.

Enfelismente quando o nosso

(Diário pág 135)

vapor Clement vinha entrando em Para de noite o vapor Ipú que esperava pegar para Sobral foi sahindo portanto temos que esperar aqui em Para uns dez dias.

Estamos pagando aqui no hotel 18.000 por dia (6.000 por cada um)

27 de Julho Até hoje temos passado bem menos o Paulo que de vez enquanto tem tido dôr na cabeça

Hoje d’manhã fomos passiar no bosque; demoremos ahi umas 3 horas. Como já temos visto tudo aqui os dias são muito insipido e compridas. Disse a Amelia que na ida tudo era muito bonito porem agora depois de ter visto New York, aqui na vale estamos todos com muito vontade de chegar em casa e discançar.

Esta vida de hotel é muito ruim por todos os lados.

A tarde fiqueimos em casa e

(Diário pág 136)

noite fomos ate o largo da polva, ahi tinha musica ate bem tocado e bonito; dahi fomos visitar a S. Nicota Linhares; esta senhora e familia foi companheira nosso no vapor Sobral de Camocim até Pará.

As 3 horasd’tarde passou aqui no hotel a processão da nossa senhora foi tudo suffrivel menos o Padre (que estava medonho de feio) e uma mulher de bigode que estava dannada.

28 de Julho Hoje a noite tivemos a visita da D. Giomar Linhares

29 de Julho visitamos o parque (ou praça) de Babtista Campos – este bonito e muito bem arrumado.Visitemos também o cemeterio.

31 de Julho – o nosso vapor Ipú chegou hoje d’manhã mas infilismente em lugar de sahir amanhã só sahirá na segunda feira.

(Diário pág 137)

dia 4 de Agosto.

1 de Agosto – Hoje d’manhã fomos visitar a D. Mimosa Donizetta em casa do Senr. Antº Frota- Rua São Jeronomo perto da rua 2 de Dezembro (hoje conhecido por General Deodoro) Gostamos muito da visita e ahi Amelia viu bordados feito na machina “Singer”, este serviço é ligeiro e muito bem feito; compreimos logo um livro de instruçã, a peça ou chapa para collocar na machina e a roda de pão – tudo por 7$500.

2 de Agosto Hontem a noite visiteimos o Senr. Antº. d’Albuquerque gostamos muito da visita e fomos convidados pelo Senr. Albuquerque para ir no vapor d’elle (o Antonico) encontrar com o navio Minas Geraes que deve chegar aqui hoje a tarde com o Senr Lauro Muller

Meio dia aprontemos para

(Diário pág 138)

ir para o Port(lugar de embarcar) e chegando na rua soubemos que o Minas Geraes só chegava nas Salinas a noite e entrava no Porto amanhã d’manhã, portanto temos que esperar.

A cidade está muito enfeitado com arcos, bandeiras e palmeiras.

Vai encontrar com o Minas Geraes uma flotilha muito grande, estes vai até a anchoradoura uma viagem de uma hora e meia

Domingo 3 de Agosto

Hoje d’manhã levantamos cedo, tomeimos café e as 8 horas fomos até o trapiche, chegando lá fomos logo abordo do “Antonico” vapos do Senr Atº d’Albuquerque, a vista e animação foram enormes, tinha as 12 pequenos vapores, todos cheios de banheiros e muito povo, tanto nos vapores como também nos trapiches e entre

(Diário pág. 139)

tudo reinava muito alegre.

Lá para 10 horas os vapores largaram do trapiche e foram todo um atraz do outro e com muito ordem encontrar com o Minas Geraes, este ainda vinha entrando e a flotilha tinha que ir além do Pinheiro para encontrar com ella.

Houve muitos foguetes e bombas de todos os navios que foram respondidos pelo Minas Geraes

Pouco depois de meio dia e depois de nos quase morre de fome o Senr Albuquerque nos convidou para um pequeno refeição foi muito bom e bem apreciado. podera não que Amelia já estava amarella de fome.

Chegueimos no trapiche de volta as 3 horas d’tarde e depois de nos despidir do Senr Albuquerque fomos para o Boulevard do porto para esperar a passagem

(Diário pág. 140)

do Lauro Muller. Soldados e mais povo; depois de cançar de esperar (quasi uma hora em pé) fomos tomar uma lemonada afim de se sentar e discançar.

Depois de discançar um pouco volteimos para o porto e felismente depois de pequeno demora a processão commeçou.

Passou o pessoal grande em automobile, carro, então depois vinha o Batalhão nº 47, Cassadores, policia, bombeiros etc.

Depois da passiata fomos para hotel para discançar e jantar então mais tarde, lá para as 9 horas fomos para o Largo do Polvo para ahi assistir na resto da festa e como o theatro estava aberto entrei em baixa para somente amostra Amelia a entrada e a escada bonito, quando approximo um sujeito dizendo que pude subir e amostrar o interior do theatro e se quizesse até pude ficar e

(Diário pág. 141)

assistir na receptção do Lauro Muller; não restou duvida, agradecemos e fiquemos -  Além de nos tinha mais umas 3 senhoras e uns 6 homens – Depois uns 15 minutos chegou o Lauro Muller e a sua commitiva umas 20pessoas entre tudo, estes assistiram na passiata pela Praça de carro, automobiles e muitas gentes a pé carregando lanternas. Ahi demoramos até as 10 ½ e cheguemos em casa as 11 horas e bem cançados de tanta festa.

4 de Agosto Embarcamos para Camocim no vapor Ipú as 3 horas da tarde e chegueimos em Camocim no dia 8 as 9 horas d’manhã depois de uma viagem mais dannado deste mundo; o vapor era immundo, tudo fazer nojo, acomida era suffrivel

(Diário pág. 142)

mas tinha tanto sujo arredor que fazer medo de comer.

então o vapor jogava tanto e dava tanto pancadas que não se pude dormir, portanto fazer a viagem sem comer e sem dormir e sem tudo mais de gente viva.

O Commandante Tasso Napolion amostrou muito boa vontade para com nosco e deuordens ao dispenseiro para arranjar fatias torradas

Tomamos logo o hotel da Urbina e felismente passamos bem o dia; depois de tantos dias de fome, apreciamos bem a comida do hotelzinho e dormimos bem durante o noite

No Sabbado dia 5 de Agosto tivemos um trem do administrador da Estrada que vinha ate Massapé, até aqui fizemos boa viagem; antes de sahir do

(Diário pág. 143)

Camocim almoçemos bem, e no trem a convite do Senr. Stalvers, administrador da Estrada que vinha c/ a Senhora d’elle, almiçeimos no trem.

De Massapé até Sobral viemos num carro pequeno do carreiro, muito mal arrumado mas como era o fim da nossa viagem estavamos satisfeito.

Cheguemos em Sobral as 4 horas d’tarde e sem ninguem esperar. Como não tinha bonde fomos a pé para fazer uma boa surpresa em casa da D. Amelia, porem quando ir passando a casa da Maria Amelia a Maroquinha deu

(Diário pág. 144)

fé de nos e mandou logo avisar a D. Amelia da nossa chegada.

Foi uma chegada bom e discançado.

Como não tinha comida não tivemos receptção avoroçado. Fomos visitado depois somente pelos amigos e pelos parentes.

Assim terminam a nossa bão viagem, chegando em casa bons e satisfeitos e encontrando todos os nossos da mesma forma.

5 de Agosto 1913.

 

 

Trabalho de interpretação e digitação feito por Caroline Nejm – Novembro/2021

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